quinta-feira, 29 de julho de 2010

Alemanha 0 x 1 Espanha

As duas seleções que vinham apresentando o melhor futebol da Copa fizeram uma partida que entrou na lista dos melhores jogos da Copa. A tal "final antecipada".

A Alemanha não jogou contra a Espanha o mesmo futebol que apresentou contra Argentina ou Inglaterra. Em parte, porque a Espanha não deixou. Em parte, porque finalmente a falta de experiência dos jovens alemães pesou. O jogo da Espanha se baseia na posse de bola. O dos alemães, nos rápidos contra-ataques. Parecia que seria uma mistura perfeita. E realmente foi, pro lado espanhol. Os alemães não conseguiam tirar a bola da Espanha para armar seus letais contra-ataques e, apesar de fazerem uma boa partida, foram dominados pela Fúria. Era só uma questão de tempo até que a superioridade espanhola refletisse no placar. O que Puyol ajudou a fazer já no fim do jogo.
Pelo lado da Espanha, Del Bosque finalmente cansou de esperar Fernando Torres entrar em forma e decidiu começar a partida com 11 jogadores, colocando Pedro para formar a dupla de ataque titular com Villa. O jovem barcelonista sentiu o peso da titularidade e não brilhou tanto quanto nos jogos em que entrou no meio do jogo, mas, mesmo assim, teve mais presença que Torres. Porém, o destaque espanhol é mesmo o conjunto. E, neste jogo, o conjunto foi essencial na parte defensiva. Ao mesmo tempo em que mantia a posse de bola, a Espanha marcava o time alemão, não dando a eles a oportunidade de armarem qualquer tipo de jogada.
Já pelo lado alemão, o jovem Özil, que, juntamente com Müller, ausente por suspensão (e que fez muita falta), vinha sendo o destaque do time e o principal responsável pela armação de jogadas da Alemanha, foi completamente anulado pelo excelente Busquets, o que deu a calma e o espaço para que a Espanha tocasse a bola e tentasse o gol. A marcação alemã também funcionou, mas Schweinsteiger não conseguiu ser tão brilhante quanto nas partidas anteriores - até por causa da maior qualidade do adversário e, principalmente, do meio de campo do adversário.
As chances de gol realmente não foram muitas - um pouco mais para a Espanha que para a Alemanha -, mas, mesmo assim, o futebol jogado pelas equipes foi de encher os olhos. E o único tento da partida acabou sendo marcado numa jogada ensaiada. No início do jogo, a Espanha já havia tentado um lance parecido, com Puyol chegando de trás para cabecear após cobrança de escanteio, mas foi somente aos 28 da segunda etapa que a jogada deu certo. Xavi bateu escateio. Piqué subiu de um lado e Sergio Ramos de outro. Os dois deram uns passinhos pra trás, abrindo espaço para Puyol, que chegou como um foguete e cabeceou forte para o fundo da rede. Vale a pena catar um vídeo dessa jogada na internet pra reparar como a movimentação da equipe espanhola é toda perfeitamente ensaiada. No fim da partida, o jovem Pedro ainda perdeu uma oportunidade de ouro para garantir a vitória, aos 37 minutos, se enrolando com a bola e com os dribles e acabou sendo desarmado na entrada da área, com Villa livre ao lado, pedindo a bola para fazer o segundo gol espanhol.
O jogo foi mesmo 1 a 0. Como foram todos os jogos decisivos da Espanha na 2a fase da Copa. Esse é o estilo de jogo espanhol. Manter a posse de bola e tentar jogadas que possam resultar em gol. Nem sempre dá certo, como, por exemplo, contra a Suíça. Mas, em uma partida com 25, 30 chutes a gol, eventualmente uma bola (normalmente saída dos pés de Villa) entra. E o 1 a 0 fica de bom tamanho, já que o adversário não consegue trocar passes no meio de campo com a facilidade que a Espanha o faz. Busquets, um dos melhores jogadores da Copa, e Xabi Alonso protegem a ótima zaga formada por Piqué e Puyol (que eu nunca achei que joga muito bem, mas se superou nesta Copa, independemente do gol decisivo), que joga tranquila. Se, por algum acaso, o jogador adversário consegue passar por esses quatro, tem sempre Casillas no gol. Tática vencedora. E a Espanha vai para a final com um pouco mais de favoritismo que a Holanda. A equipe faz menos gols, mas se mostra mais segura nas partidas. Seria uma final inédita, e, qualquer que fosse o vencedor, o título seria merecido.

Um pequeno adendo para falar dos dois maiores clubes espanhóis: Real Madri e Barcelona. Nos últimos anos, os dois times tiveram estratégias bem diferentes. Enquanto o Barça investiu na fabricação de talentos, o Real não valorizou as pratas da casa e tentou se tornar vitorioso por meio de grandes contratações. Só tentou, pois não conseguiu. Nos dois últimos anos, ninguém na Terra apresentou um futebol mais bonito, mais eficiente e mais vitorioso que o Barcelona. Dos 11 titulares da Espanha na semifinal contra a Alemanha, 7 eram blaugrana. Se vc tirar o Villa, contratado junto ao Valencia logo antes do Mundial, eram 6 barcelonistas em campo: Piqué e Puyol (a zaga), Busquets, Xavi e Iniesta (3, dos 4 jogadores de meio-campo) e Pedro. Mais da metade do time. Dos outros 4, 3 eram do Real: Casillas, criado no clube, Sergio Ramos, vindo do Sevilla, mas jogador do Real desde os 19 anos de idade, e Xabi Alonso, veterano contratado pelo clube ano passado.
Na política de contratações sem critério do Real Madri, houve uma fase em que estavam em alta os jogadores holandeses: Sneijder, Robben, Van der Vaart, Huntelaar, Drenthe, Van Nistelrooy... Mas quando Florentino Pérez voltou ao clube e deu início à "Era Galacticos II", contratando, a peso de ouro, Cristiano Ronaldo, Kaká e Benzema, os holandeses ficaram sem espaço e foram vendidos a preço de banana. Sneijder foi brilhar na Internazionale de Milão, onde, logo na sua primeira temporada, ganhou a tríplice coroa: Campeonato Italiano, Copa da Itália e Liga dos Campeões da Uefa. Robben foi ser campeão no Bayern de Munique: Campeonato Alemão e Copa da Alemanha, além de vice na Liga dos Campeões. Huntelaar, que nunca concretizou a promessa de futuro craque, foi ser reserva no fraco time do Milan. E Nistelrooy, já "velho" e após seguidas lesões, foi retomar sua carreira no Hamburgo. Ficaram no clube espanhol Drenthe e Van Der Vaart, ambos reservas. O Real disputou o título espanhol com o Barcelona rodada a rodada, mas ficou para trás depois de perder de 2 a 0 para seu maior rival em casa. E ainda foi eliminado da Liga dos Campeões, sonho de consumo de Florentino Pérez, pelo Lyon, sendo obrigado a assistir Sneijder e Robben disputarem o mais importante título interclubes do mundo em sua casa, o estádio Santiago Bernabéu.
Enquanto isso, o Barça tb fez algumas contratações de peso (Henry e Ibrahimovic), mas quem brilha mesmo no Camp Nou são os jogadores de casa: Pedro, Bojan, Victor Valdés, Piqué, Puyol, Xavi, Iniesta, Busquets, Jeffren e Messi, que não é espanhol, mas joga no clube desde os 13 anos de idade. Nem todos são catalães, mas todos foram criado nas chamadas "canteras" do clube, e se identificam demais com a ideologia do Barça: futebol vistoso, ofensivo, movimentado, com posse de bola, troca de passes, constante troca de posições. Essa ideologia, ou estilo de jogo, teve início na década de 70, quando Rinus Michels, treinador da Laranja Mecânica em 74 e do tricampeão europeu Ajax, foi contratado pelo clube, sendo logo seguido pelo craque Johan Cruyff. E o Barça a mantém até hoje. Com craques do Barcelona, a Espanha vem ganhando praticamente todos os títulos de categoria de base que existem e mostra que a geração talentosa que encantou na Euro 2008 e na Copa 2010 não é mero acaso. A Espanha se tornou uma grande potência no futebol mundial, e essa realidade não deve mudar tão cedo.
É para Florentino Pérez parar e pensar sobre a maneira como gere o maior clube do mundo. E para os torcedores espanhóis agradecerem pela Catalunia fazer parte da Espanha.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Finalmente, as semifinais: Uruguai 2 x 3 Holanda

Não. Eu não esqueci do blog. Eu sei que a Copa já acabou há quase duas semanas, e talvez ninguém queira mais saber a minha opinião sobre os últimos quatro jogos, mas esses textos estão na minha cabeça há tempos, e eu tinha prometido pra mim mesma que assim que eu tivesse um tempinho os postaria aqui. Acreditem ou não, só agora eu consegui um tempinho livre pra me dedicar um pouquinho ao De Letra. Então lá vai...

Se faltou emoção na Copa nas primeiras rodadas, não podemos reclamar da fase final. Uruguai x Holanda parecia ser um daqueles jogos em que o favorito jogaria melhor e venceria fácil, com muitas emoções, mas poucas surpresas. Mas não foi bem isso que aconteceu. O favorito até venceu, e a partida realmente foi recheada de emoções, mas o Uruguai não entregou a vaga na final tão facilmente assim...

A Holanda tem mais time que o Uruguai, isso é verdade. E a equipe sul-americana teve seu caminho à semifinal facilitado pelo chaveamento (disputando a vaga com Gana, EUA e Coréia do Sul), apesar do emocionante jogo contra Gana. Mas isso é futebol e, em campo, existem vários outros fatores importantes além da técnica e do talento. Se a Holanda tem alguns dos melhores jogadores da atualidade, como Sneijder e Robben, e outros que não são craques, mas são extremamente técnicos e competentes, o Uruguai tem (de sobra) algo que falta ao Brasil há bastante tempo: garra. Além, é claro, de Diego Forlán.
No primeiro tempo, o jogo foi bem parelho, o que refletiu no placar parcial: 1 a 1. Von Bronckhorst marcou o primeiro com um lindo chute de muito longe logo no início do jogo, mas não demorou para que o Uruguai empatasse, em outro chute lindo de fora da área, de (quem?!) Forlán. Dois gols que entraram pra lista dos mais bonitos da Copa.
Na segunda etapa, a Holanda foi superior. Marcou o segundo gol numa irregularidade quase imperceptível, um daqueles impedimentos "perdoáveis", que a gente só sabe que foi irregular pq a Fifa colocou 32 câmeras em campo em cada jogo (um show de imagens e de transmissão, mas isso é assunto pra outro post). Van Persie, que pouco (ou nada) fez na Copa, fingiu desviar a bola chutada por Sneijder, mas nem chegou a tocá-la. Apesar disso, participou da jogada, ajudando a enganar o goleiro Muslera (que, convenhamos, não precisa nem ser enganado pra sofrer um gol). O atacante holandês estava com o pé alguns centímetros à frente do último zagueiro uruguaio, mas o juiz não deu o impedimento. Acho até que Van Persie tentou desviar a bola, mas chegou atrasado.
O gol acalmou o ânimo uruguaio, que poderia ter sido definitivamente cessado pelo terceiro tento holandês, marcado por Robben pouco depois. Kuyt, livre, cruzou para o atacante do Bayern de Munique, livre, cabecear pra rede. Que falta fez o Lugano! Mas, como eu já mencionei, a garra uruguaia é algo que eles deveriam exportar, fazendo workshops mundo afora (principalmente no Brasil). O Uruguai seguiu lutando. E, no fim do jogo, diminuiu a diferença numa jogada ensaiada (ironicamente, arma tão usada pela Holanda na Copa).
O gol deu ânimo extra à equipe uruguaia. Se a Holanda achava q a partida já estava ganha, se enganou. Os 5 minutos finais foram de presão total do Uruguai dentro da área holandesa. Não estou exagerando. Foi pressão TOTAL mesmo! Era bola pra dentro da área e todos os tipos de finalização, com a Holanda tentando eliminar o perigo, cortando as jogadas de qualquer jeito, zunindo a bola pra frente, respirando apenas por alguns segundos. Não dava nem pra piscar. Mas o juiz apitou o fim do jogo, e a Holanda comemorou no final. Tenho que dizer que eu tb, já q estava torcendo pela equipe laranja, apesar de apreciar a garra uruguaia.
Foi uma aula de futebol. Um partidaço, com jogadas lindas e muita superação.

Pra falar a verdade, o Uruguai não tinha time pra chegar a uma semifinal de Copa. A equipe é fraca. Tem alguns bons jogadores, mas não era nada demais, só garantindo sua vaga no Mundial aos 45 do segundo tempo (figurativamente). Mas, das eliminatórias pra cá, o time foi se encontrando. E a Copa despertou aquele "algo a mais" em alguns jogadores, muito diferente do que aconteceu com o Brasil.
Para ajudar na armação do time, Forlán teve que jogar fora de sua posição. E, ao contrário de Cristiano Ronaldo ou de Van Persie, deu o seu melhor. O atacante foi um dos melhores armadores da Copa e, de quebra, ainda foi um dos artilheiros, com 5 (lindos) gols. Lugano, já com quase 30 anos, foi um verdadeiro líder em campo. Na competição, o zagueiro fez algumas das melhores partidas de sua carreira. E Suárez mostrou pro mundo o que apenas os torcedores do Ajax sabiam: tem faro de gol (além de ser ótimo goleiro!). A equipe cresceu (e muito) na competição e, após chegar como azarão na fase final, fez por merecer a vaga nas semifinais (e, posteriormente, o 4o lugar).
O Uruguai pode não ter sido o melhor time da Copa e certamente está longe de ter uma das melhores equipes do mundo, mas protagonizou alguns dos melhores momentos do Mundial, fez uma campanha histórica e resgatou a auto-estima do futebol do país. Foi muito prazeroso acompanhar os jogos do Uruguai e mais prazeroso ainda descobrir que o Uruguai ainda sabe jogar futebol. Além disso, foi uma honra (e uma ironia) ter o desacreditado país representar os sul-americanos nas semifinais da Copa, após as eliminações de Brasil e Argentina. Parabéns para os nossos outros hermanos!

Sobre a Holanda, tb podemos dizer que o time cresceu na Copa. Jogou muito melhor contra Brasil e Uruguai do que contra Dinamarca, Japão, Camarões ou Eslováquia. Talvez porque finalmente tenha enfrentado adversários de respeito. Mas ainda deixou um pouco a desejar. Não porque não jogou bonito, mas porque em momento algum conseguiu "garantir" o jogo. Nas duas partidas, correu sérios riscos de perder a vantagem e a classificação até o último minuto. Se eu fiquei nervosa nos momentos finais do jogo contra o Uruguai, imagino como não ficaram os holandeses! Eu teria escrito aqui antes mesmo da grande final que esse pecado holandês poderia custar caro...

Se num post anterior eu fiz uma observação sobre a comemoração de David Villa, neste eu faço uma pausa no futebol para elogiar a alegria dos príncipes holandeses. Nem pareciam europeus (muito menos nobres), de tanto que comemoravam, aplaudiam, pulavam, torciam e acenavam. Deram de mil a zero nos filhos de Diana, que assistiram sentadinhos às partidas da Inglaterra. Ponto pra realeza holandesa! Ah... e os cachecóis laranja são tudo!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Paraguai 0 x 1 Espanha

Era pra ser a barbada das quartas de finais. No bolão, eu coloquei 3 a 0 pra Espanha. Sabia que o time sul-americano se fecharia, dificultado a chegada espanhola, mas eu não via como os paraguaios poderiam parar Xavi, Iniesta e Villa. Parar eles não pararam, mas desaceleraram bem. E ainda ofereceram perigo nos contra-ataques.
O início do jogo era de total domínio da Espanha, que tinha a posse de bola, mas nada conseguia criar, encurralada mela marcação paraguaia. A expectativa de goleada se transformou na expectativa de um dos jogos mais chatos da fase de mata-mata (não pior do que Paraguai x Japão pelas oitavas, é claro). O time paraguaio se fechou e marcava a saída de bola no campo do adversário, dando trabalho à Espanha, que não conseguia tocar a bola até o campo de ataque. Sendo uma equipe tecnicamente bastante inferior, o Paraguai não tinha outra alternativa. E a Espanha não encontrava alternativa de ataque.
Mas, no segundo tempo, para que o jogo não se tornasse um marasmo, chamaram o roteirista de Uruguai x Gana pra terminar a história da partida.
Casillas, que andava meio inseguro, defendeu um pênalti paraguaio para, em seguida, Xabi Alonso cobrar uma penalidade para a Espanha. Como Villa, o artilheiro rojo, já havia perdido um pênalti contra Honduras (além dos dois anteriores cobrados com a camisa da Fúria), Alonso tomou a frente. Acertou o chute, mas o juiz mandou repetir, já que tinha havido invasão da grande área. O meio-campista cobrou de novo (com nova invasão), mas Villar defendeu. No rebote, Fábregas ia pegando a bola, mas foi derrubado pelo goleiro. O juiz não teve coragem de assinalar o terceiro pênalti seguido, e deixou a bola correr.
O jogo teria voltado ao seu roteiro original, não fosse por Iniesta, que conseguiu uma brecha na defesa paraguaia. O armador espanhol poderia ter chutado pro gol, mas preferiu tocar para o jovem atacante do Barcelona, Pedro, que chutou na trave. No rebote, Villa não perdoou (sem que antes a bola batesse novamente na trave).
Como não poderia deixar de ser, os 10 minutos finais foram eletrizantes. O técnico paraguaio sacou um defensor para a entrada de um atacante, mas não houve mais alteração no placar. A Espanha jogaria a semifinal contra a Alemanha.

Villa foi decisivo novamente. Coisa que Torres (que passou por uma cirurgia pouco antes da Copa) não chegou nem perto de ser. O Barcelona, que contratou o artilheiro espanhol por 40 milhões de euros, deve estar dando graças a Deus por ter concluído a transação antes do Mundial. Agora, o atacante deve estar valendo no mínimo o dobro. Com a aquisição de Villa, o Barça se tornou o time de 6 dos 11 titulares espanhóis. Dos outros 5, 3 são do Real Madri, 1 do Liverpool e outro do Villareal.
Deve ser fácil treinar uma seleção em que 6 jogadores (5, se não contar Villa, que ainda não jogou pela equipe da Catalunha) jogam juntos o ano todo e vencem praticamente tudo que disputam. Percebe-se nitidamente o toque de bola do Barça na equipe roja. E, se o time blaugrana é um dos melhores do mundo (pra mim, O melhor), não poderíamos mesmo esperar pouco da seleção da Espanha.

Ah... e adoro a comemoração dos gols de Villa, saudando os torcedores, "à la toureiro". Acho de uma classe!

Argentina 0 x 4 Alemanha - e a alma brasileira lavada

Não, a Copa não perdeu a graça depois que o Brasil foi eliminado. Muito pelo contrário. Não tenho escrito pq, dentre assistir os jogos, trabalhar e assistir as mesas redondas, quase não tem sobrado tempo pra escrever, por mais que eu tenha muito pra falar. Mas vou tentar passar pra vcs um pouco do que aconteceu no mundo no futebol nos últimos dias, mesmo com atraso...

Pois é... Pra curar a ressaca do futebolzinho irregular do time do Dunga e da eliminação diante da Holanda, nada melhor que ver Argentina tomar um chocolate alemão. Maradona, escorrendo sebo na beira do campo, foi ficando cada vez mais assustado com os gols germânicos, que pareciam até o tal ketchup português ("Golo é que nem ketchup: quando aparece, aparece tudo de uma vez", citando o poeta Cristiano Ronaldo).
A tampa do ketchup abriu logo aos 3 minutos de jogo. Schweinsteiger cobrou falta, e o péssimo goleiro argentino ficou agachado no campo, esperando a bola chegar nas suas mãos, como se mais ninguém estivesse em campo. Müller deu um leve desvio de cabeça, e a bola entrou. Inicialmente, a Argentina ficou abalada, mas logo se refez e passou a primeira etapa do jogo buscando o empate: alguns lances isolados de Messi, uma ou outra boa jogada de Tévez ou Higuaín. Só que a Alemanha não é o México. Muito menos a Grécia, a Nigéria ou a Coréia do Sul. O time germânico continuou buscando o ataque e tendo boas chances diante da tenebrosa defesa argentina.
A equipe de Maradona tem tantos atacantes excelentes, que, mesmo jogando com três homens na frente, pode se dar ao luxo de ter mais três no banco, dois dos quais seriam titulares em qualquer outra equipe (é óbvio que não estou falando do Palermo). O problema é que do meio de campo pra trás a Argentina é quase nula. Demichelis já havia mostrado contra a Coréia do Sul porque os hermanos têm tanto medo de sofrer um contra-ataque. Heinze é o Cannavaro argentino: já foi excelente, mas o técnico não percebeu que o tempo passou. De Burdisso e Otamendi então é melhor nem falar nada, pois, se eu fosse argentina, encheria o blog de palavrões, mas como sou brasileira, corro sérios riscos de elogiar os dois defensores. Sobra para Mascherano, sozinho, tentar segurar o ataque adversário, já que El Pibe cometeu o pecado de não convocar Cambiasso, provavelmente o melhor volante do mundo. Com Samuel machucado e nomes como Jonas Gutiérrez no banco, Dieguito não tinha realmente muito o que fazer. E ficou provado que um time não pode ser campeão se não tiver um elenco completo, ou ao menos algo perto disso.
No segundo tempo, o que ainda restava da Argentina se desfez. Schweinsteiger, novamente, - o melhor em campo - lutou por uma bola e, já deitado, acabou passando para Podolski cruzar e Klose marcar. Se estava difícil para os hermanos, a tarefa tornou-se hercúlea. Messi sumiu; Higuaín dava a impressão de ter ficado no vestiário durante o intervalo; Di María parecia uma barata tonta. Tévez era o único que ainda tentava alguma coisa. E se eu disser que Diego Milito não saiu do banco vc acreditaria? Pois é, quando decidiu mexer no time pra tentar empatar ou virar o jogo, Maradona colocou Pastore e, depois, seu genro Agüero, que nada puderam fazer diante da tragédia que estava para acontecer. A Argentina tentou partir pra cima, não conseguiu, e sofreu dois contra-ataques letais: Friedrich (em outro lance espetacular de Schweinsteiger, que entrou na área driblando como se fosse brasileiro) e Klose fecharam o caixão argentino e carimbaram o passaporte de Dieguito de volta pra Buenos Aires.

A Alemanha tem um timaço. No jogo das quartas de final, parecia uma mistura de drible brasileiro, criatividade holandesa e toque de bola espanhol. É a melhor surpresa da Copa. E, para isso, os alemães têm que agradecer a Kevin-Prince Boateng, o ganês (irmão do Boateng alemão) que tirou Ballack da Copa após entrada criminosa na final da Copa da Inglaterra. Ballack pra mim é como o inglês Lampard: superestimado. Até tem seus momentos, mas não é nem metade do que dizem por aí. E é notória a melhora do time na ausência do meio-campista.
Ocupando o espaço deixado por Ballack, Schweinsteiger (cujo nome eu só copio e colo, pois nunca vou aprender a escrever) se tornou o grande homem do time: defende, desarma, cria jogadas, dribla, cruza e finaliza. Está em todos os cantos do campo. Não há uma jogada alemã que não passe por seus pés. Pra mim, concorre com Villa e Sneijder pelo título de melhor jogador do torneio (mas deve perder para um desses dois, pois não é goleador). Acompanho o campeonato Alemão e a Liga dos Campeões assiduamente e confesso que sempre achei o alemão bom jogador, mas ele tem se superado na Copa. Até porque não joga no seu clube na posição em que está (muito bem) "improvisado". Özil e Müller são os outros destaques e excelentes surpresas da seleção germânica. Muito cuidado, pois estarão tinindo em 2014!

domingo, 4 de julho de 2010

Uruguai 1 x 1 Gana

Se faltou emoção na primeira fase da Copa, o mesmo não se pode dizer do mata-mata.
Pouco importa Muntari finalmente como titular, marcando um golaço no último minuto do 1o tempo. Pouco importa o gol de Forlán logo no início da segunda etapa, jogando um balde de água fria na seleção africana. Pouco importa as chances de gol perdidas durante a partida. Daqui a 4 anos, ninguém vai se lembrar nem do placar final do jogo. O que vai entrar pra História são os minutos finais da partida, recheados de emoção.

Último lance do jogo, após 90 minutos de tempo regulamentar e mais 30 de prorrogação. Escanteio para Gana. No bate a rebate dentro da grande área, Suárez, que vinha sendo um dos destaques da campanha uruguaia até o momento, logo após salvar um gol em cima da linha, com a perna, mete as duas mãos na bola discaradamente, para impedir o que seria o gol de classificação de Gana às semifinais. Pênalti para Gana. Cartão vermelho para Suárez.
Gyan, que já havia convertido 2 pênaltis nos 2 primeiros jogos das Estrelas Negras, e artilheiro de Gana na Copa, se prepara para bater. E manda a bola no travessão.
Fim da partida. A decisão vai para a disputa de pênaltis.
Nas cobranças, o goleiro Muslera pega 2 penalidades cobradas por Gana (uma delas, batida pelo capitão, John Mensah, que toma a distância de apenas 2 passos pra trás e bate fraquinho na bola, tornando fácil a defesa uruguaia). Com direito a cavadinha, Loco Abreu converte a última cobrança uruguaia e leva sua seleção à semifinal pela primeira vez em 40 anos. Termina o sonho africano de ver uma equipe do continente entre as 4 melhores da Copa.

Alguém conseguiria escrever um roteiro mais emocionante?

Na Copa de 2006, faltaram jogos emocionantes, históricos, marcantes.
Portugal x Holanda, nas oitavas de final, foi um bom jogo, assim como a semifinal entre Alemanha e Itália, decidida na prorrogação. Mas o único momento marcante da competição foi a cabeçada de Zidane em Materazzi na final, culminando com a expulsão do gênio francês.
A copa de 2010 começou seguindo a mesma receita. Recheada de 1 a 0 e 0 a 0 na primeira fase, não prometia empolgar. Parecia que os fatos mais marcantes seriam as eliminações do campeão e do vice da Copa anterior ainda na primeira fase. Mas vieram as oitavas e uma bela partida entre Alemanha e Inglaterra prenunciou o que estava por vir na rodada seguinte. O eletrizante jogo entre as zebras das quartas, Uruguai e Gana, foi apenas o primeiro de 3 confrontos históricos. Ao término da rodada, sobrou para Brasil e Holanda o duelo menos excitante dessa fase. Principalmente se comparado aos jogos de 94 e 98.

Última seleção sul-americana a se classificar para a Copa, na repescagem, a Celeste é agora a única representante do continente, em meio ao domínio europeu. Totalmente desfalcado para a semifinal (Lodeiro, com fratura do dedo do pé, foi descartado; Lugano, chefão da zaga, também está machucado e não deve entrar em campo; Suárez e Fucile estão suspensos), o Uruguai é azarão contra a Holanda. A equipe já fez História, devolvendo a auto estima ao futebol do país, bicampeão na primeira metade do século passado, e é improvável que vá mais longe, disputando ou ganhando a final, mas já pode tirar onda ante os rivais Brasil e Argentina, considerados por muito favoritos ao título até pouco tempo atrás.

Sobre Gana, é uma pena que não tenha conseguido o feito histórico de ser a primeira seleção africana a disputar uma semifinal de Copa, principalmente por este ser o primeiro Mundial no continente. A equipe foi guerreira e superou adversários difíceis e tecnicamente superiores, mas seus jogadores (muitos campeões do último Mundial Sub-21 da Fifa, vencendo o Brasil na final, em disputa de pênaltis) ainda são jovens e prometem fazer, novamente, uma boa campanha no próximo Mundial. Com a volta de Essien, principal jogador do time e titular do campeão inglês Chelsea, que fora cortado da Copa por uma lesão no joelho, Gana se torna uma equipe ainda mais forte. Além disso a experiência adquirida na boa campanha feita na África do Sul certamente pesará a favor dos Estrelas Negras no futuro.

A receita de erros de Dunga

Todos os jogadores que passaram pela zona mista na 6a feira deram entrevistas dizendo q o grupo estava muito unido. Gostaria de saber desde quando união ganha jogo. O que ganha jogo é talento, entrosamento, garra, chute a gol.
Dunga exigiu de seus comandados apenas comprometimento. Não exigiu que jogassem futebol. O comprometimento tão valorizado por Dunga levou à África do Sul jogadores como:
Kleberson - reserva no fraco time do Flamengo, mas, que, como quebrou o braço jogando pela Seleção (em uma fase em que estava apresentando um bom futebol no time carioca, mas não o suficiente para ajudar na conquista de uma Copa do Mundo), acabou sendo convocado para aliviar a culpa de Dunga. Na cabeça do treinador brasileiro, a culpa de Klberson estar na reserva do Flamengo, apresentando, novamente, o futebol medíocre que lhe é característico, era da recuperação da fratura ocasionada em amistoso da seleção.
Doni - 3o goleiro da Roma, Doni não senta nem no banco do time italiano. Na última temporada, Doni participou de apenas 9 jogos pelo time. Assim como com Kleberson, Dunga acredita que a reserva de Doni se deve ao fato de o goleiro ter enfrentado a direção da Roma e, contrariando orientações do clube, ter se apresentado à seleção para a disputa de alguns amistosos. Na volta à Itália, Doni foi punido com a reserva. E de lá nunca mais saiu. Júlio Sérgio, o brasileiro que o substituiu, tornou-se o novo intocável do time italiano, fazendo defesas espetaculares. Ou seja, na Roma, Doni é (2o) reserva de outro brasileiro! E Dunga nunca nem cogitou convocar Júlio Sérgio.
Michel Bastos - meia-direita do Lyon, foi convocado para a lateral esquerda titular da seleção. Alguém pode me explicar?
Gilberto - convocado para ser o substituto de Michel Bastos, Gilberto, com 34 anos, joga como meio de campo no Cruzeiro, tendo feito uma temporada bem ruizinha pelo time mineiro. Mesmo quando jogava na lateral, posição da qual se aposentou 4 anos atrás, por causa da idade avançada, nunca foi grande coisa.
Gilberto Silva - depois de se tornar reserva no Arsenal, foi contratado pelo Panathinaikos. Agora é reserva no time grego. Titular do meio de campo da seleção e, quando da ausência de Lúcio, capitão do time.
Felipe Melo - era um jogador ruim no Flamengo, foi um jogador ruim no Cruzeiro, passou por times pequenos da Europa, como Mallorca, Racing Santander e Almería, até ser contratado pela Fiorentina. Fez uma boa temporada pelo campeonato italiano, e Dunga decidiu convocá-lo. Jogou todos os jogos da Copa das Confederações e alguém inventou que era bom jogador. Ele, Dunga e os dirigentes da Juventus acreditaram. Foi contratado a peso de ouro pelo clube de Turim. Na última temporada, foi eleito o pior jogador do campeonato italiano, tendo recebido 11 cartões amarelos e 2 vermelhos.
Elano - Joga no Galatasaray, 3o colocado no último campeonato turco (que só tem 3 times de peso). Volante de marcação, joga no time de Dunga como meia armador.
Julio Baptista - depois de ser reserva do Real Madri e do Arsenal, agora é reserva na Roma, onde atua como atacante. Foi convocado para ser reserva de Kaká, meia armador e único homem responsável pela criatividade no time do Brasil. Enquanto isso, Ronaldinho Gaúcho, titular do Milan, está curtindo férias.

Uma equipe com 7 volantes (caso também consideremos o Julio Baptista meio-campo marcador, posição em que ele atua melhor, já que não tem nenhuma criatividade para armar jogadas e pouco talento para finalizações) e 1 meia armador. Ah... e nenhum lateral esquerdo.

Fora isso, Dunga ainda contrariou sua própria convocação.
No jogo contra a Coréia do Norte, Dunga colocou Daniel Alves no lugar de Elano. Daniel é, originalmente, lateral direito, mas é considerado o "coringa" da Seleção, podendo jogar tb no meio de campo ou na lateral esquerda. O reserva de Elano, Ramires, entrou no jogo no lugar de Felipe Melo.
Contra o Chile, Dunga colocou Nilmar, atacante que se movimenta bastante e arma as jogadas, assim como Robinho, no lugar de Luís Fabiano, centroavante. Kaká, por sua vez, foi substituído por Kleberson, reserva de Elano, e Robinho deu lugar a Gilberto, que atua como meio-campo, mas foi convocado para ser o lateral esquerdo reserva da Seleção.
Na última partida, contra a Holanda, nova substituição esquisita de Dunga, que, precisando empatar o jogo, tirou o único centroavante em campo, Luís Fabiano, pra colocar Nilmar.

A razão usada por Dunga para explicar a não convocação de Ronaldinho Gaúcho, Marcelo, lateral esquerdo do Real Madri, e Pato, atacante que fez excelente início de temporada no Milan, até passar a sofrer com seguidas contusões, foi o tal comprometimento. Ronaldinho pediu dispensa da seleção em 2007, preferindo tirar suas primeiras férias em 4 anos (Ronaldinho disputara a Copa América 2004, a Copa das Confederações 2005 e a Copa do Mundo 2006, no período em que, normalmente, os jogadores que atuam na Europa estão de férias), e isso incomodou o técnico Dunga. Ronaldinho ainda foi convocado para a disputa das Olimpíadas de Pequim em 2008, em que o Brasil fez uma péssima campanha (terminou com a medalha de bronze após tomar um baile da Argentina na semifinal), e alguns jogos das eliminatórias, mas desde abril de 2009 o gaúcho nunca mais foi chamado. Marcelo e Pato tb fizeram parte do time medalha de bronze em Pequim e, de uns tempos pra cá, sumiram das listas da Seleção, nem nenhum motivo aparente. Quando fez a convocação final para o time que disputaria a Copa, Dunga disse que esses jogadores tiveram muitas oportunidades, mas não as aproveitaram.
Eu gostaria de saber, então, quais foram as oportunidades aproveitadas por Grafite, Michel Bastos e Kleberson. Grafite jogou 20 minutos no último amistoso da Seleção antes da lista final dos convocados. Michel Bastos fizera 3 jogos pela Seleção antes de ser oficializado como lateral esquerdo titular para a Copa. Já Kleberson, depois da boa fase vivida em 2002, voltou a jogar pela Seleção sob o comando de Dunga em junho de 2006, quando esteve presente em 3 partidas. Em agosto, no seu 4o jogo, quebrou o braço e só voltou agora, na Copa. Adoraria saber o que esses 3 jogadores fizeram em campo nessas poucas oportunidades que tanto encantou o técnico da Seleção. Ah... tinha esquecido... o Dunga não convocou a equipe que disputou a Copa baseado no futebol apresentado pelo jogadores, mas no comprometimento deles com a Seleção. Então qual foi o comprometimento que eles tiveram, tendo sido convocados tão poucas vezes?

É, Dunga... acho que a receita pra ganhar uma Copa do Mundo não é o tal comprometimento do qual vc tanto falou. Será que jogar futebol adianta?

Não faço parte do grupo que fez campanha para a convocação dos jovens Ganso e Neymar. Acho que não se pode basear uma convocação para Copa do Mundo em jogos de campeonato regional. Esse garotos realmente vêm jogando um bolão, mas, sinceramente, contra o Sertãozinho, até eu. Ok ok... Eles tb jogaram muito na Copa do Brasil, só que os únicos times decentes que o Santos enfrentou nessa competição foram o Atlético Mineiro e o Grêmio, não vencendo nenhum dos dois tão facilmente como vinha fazendo contra os Remos e Naviraienses da vida, apesar das boas atuações. Acho que Ganso e Neymar certamente têm lugar na seleção brasileira, mas mereciam, ao menos, ser testados antes de disputar uma Copa. No entanto, eu era totalmente a favor das convocações de Ronaldinho e Alexandre Pato.
Só que o Dunga preferiu um time recheado de volantes a uma equipe criativa. Tudo bem, não tem problema. Se o que ele queria na Copa era uma seleção especializada em marcação e desarme, poderia ter levado Lucas, do Liverpool (que teve bastante atuações na seleção de Dunga e tb fez parte do grupo medalha de bronze em Pequim, mas deixou de ser convocado há um tempo); Denílson, do Arsenal, jovem promessa que vem tendo excelentes auações pelo time inglês; Alex, ex-Internacional e agora no Spartak Moscou, que até chegou a ser chamado por Dunga algumas vezes, mas, ao que tudo indica, o técnico não gostou do que viu; ou Hernanes, do São Paulo, que não voltou a mostrar o bom futebol que ajudou o São Paulo a ser campeão brasileiro em 2008, mas certamente é muito melhor que Josué, Gilberto Silva, Felipe Melo ou Kleberson. E, na armação, Diego, ex-Werder Bremen e atual Juventus, apesar da má fase no clube italiano, certamente é bem melhor que Júlio Baptista. Pelo menos é titular no seu time. Até o próprio Michel Bastos fez um ótima temporada no Lyon como meia armador (não lateral esquerdo!!!).

Dunga achou que Copa do Mundo era como Copa das Confederações ou Copa América. E, até certo ponto, a nossa Copa foi. O Brasil conquistou a Copa América em 2007 jogando mal e feio. Perdeu o primeiro jogo para o México e ganhou do Chile no segundo. Depois, passou pelo fraquíssimo Equador com sufoco. Nas quartas, uma goleada em cima do freguês Chile, com bela atuação de Robinho. Nas semis, um empate suado com o Uruguai e a vaga na final nos pênaltis. O título veio sobre uma Argentina medrosa, que perdera os últimos 2 títulos que disputara contra o Brasil e entrou em campo extremamente nervosa.
Já na Copa das Confederações, ano passado, em momento algum o Brasil teve de enfrentar um adversário de peso. A campeã mundial Itália já estava em franca decadência, e os EUA, de quem o Brasil sofreu para vencer na final de virada, nos fez o favor de eliminar a Espanha.
Na Copa do Mundo, o Brasil perdeu para o primeiro adversário decente que enfrentou. Um time que sofre para vencer a Coréia do Norte e ainda toma um gol da pior seleção do Mundial não merece ser campeão do mundo.

Dunga também adora mencionar essa tal dicotomia "jogar feio e ganhar x jogar bonito e perder". Adoraria saber de onde ele tirou a idéia de que o que se faz ganhar ou perder uma partida de futebol é jogar um futebol feio ou bonito. O que se faz ganhar um jogo de futebol é jogar bem, não necessariamente bonito. O mesmo vale para perder e jogar feio.
No entanto, uma das coisas que torna o futebol um esporte tão fantástico é exatamente o fato de ele ser provavelmente a única modalidade esportiva em que se pode jogar bem o tempo inteiro, mas perder o jogo em uma falha boba, ou, no caso contrário, jogar muito mal, mas acabar vencendo. Esse foi o caso, por exemplo, da primeira partida da Espanha nesta Copa. A Espanha não jogou bonito, mas jogou muito bem. E perdeu. Passou o jogo inteiro buscando o gol e teve várias oportunidades de marcar, mas acabou não fazendo. A Suíça, timinho que joga feio e mal, teve apenas uma oportunidade, e marcou. Suíça 1 x 0 Espanha.
Dunga acha que jogar bem é sinônimo de jogar bonito. Não é. Jogar bem é o que a Holanda vem fazendo na Copa. Não encantou em nenhum jogo, mas vem jogando bem. E não perdeu uma partida sequer. Já a Alemanha, vem jogando bem e bonito. Mas uma coisa não necessariamente remete à outra.
E também não é sempre que se joga bem e ganha. O Brasil de 82 jogava bem, bonito e perdeu a Copa. O Brasil de 94 jogava bem, feio, e ganhou.
Dunga queria ganhar a Copa jogando feio, como fez em 94, mas esqueceu de jogar bem. A seleção de 2010 não encantou em momento algum, nem engrenou. Foi melhorando aos pouquinhos, muito aos pouquinhos para uma competição que tem apenas 7 jogos. Demorou 4 jogos pra finalmente começar uma partida jogando bem, como fez contra a Holanda. E demorou apenas 15 minutos pra desaprender tudo de novo. A seleção de 2006 pelo menos jogou bem em uma partida (contra o Japão, com o time reserva, mas jogou bem).

Outra analogia adorada por Dunga e pela imprensa esportiva brasileira é entre as seleções de 94 e de 2010. Dunga queria ser campeão em 2010 como foi em 94, jogando feio. Vamos, então, ajudar o (ex) técnico brasileiro e comparar as duas equipes.
Em 2010 tivemos um excelente goleiro (o melhor do mundo, apesar da falha contra a Holanda) e a melhor dupla de zaga do mundo. Em 94, o goleiro também era muito bom e a dupla de zaga, apesar de reserva (Ricardo Gomes se machucou antes da competição, e Ricardo Rocha durante), fez uma Copa impecável. Aldair estava no auge de sua carreira e Márcio Santos nunca mais jogou o futebol apresentado naquela Copa.
Na direita, Jorginho, assim como Maicon, era um dos melhores na sua posição, e foi, assim como Maicon, um dos responsáveis pelas melhores jogadas do Brasil. Já na esquerda, em 94 Leonardo fez uma excelente Copa até ser expulso no jogo contra os EUA. Branco, titular original da posição, fez um golaço contra a Holanda, mas passou em branco (sem trocadilhos) o resto da Copa. Já Michel Bastos.... cadê Michel Bastos? Alguém já encontrou?
No meio de campo, realmente não tínhamos criatividade. Mauro Silva e Dunga eram bons no desarme, e Zinho e Mazinho (que substituiu Raí, escalado fora de sua posição) tentavam, mas pouco criavam. No entanto, qualquer um dos quatro substituiria muito bem Felipe Melo, mesmo 16 anos depois. Sem contar que não faltava a nenhum deles vontade de mostrar serviço, garra e determinação, o que não se pode dizer dos volantes atuais.
Único homem de criação do meio de campo atual da seleção brasileira, Kaká começou a Copa muito mal, mas foi se encontrando aos poucos. Não foi nem sombra do craque eleito melhor do mundo em 2007, porém foi um dos poucos que tentou alguma coisa do meio pra frente. Só que não adianta tentar sozinho.
E não podemos nem começar a comparar Bebeto e Romário com Robinho e Luís Fabiano. Bebeto fez na Copa algumas das melhores partidas de sua vida. O entrosamento com Romário era algo de outro mundo. Fico com lágrimas nos olhos quando lembro do gol feito contra os EUA, em pleno 4 de julho, em que, após marcar, Bebeto dá a volta por trás do gol e abraça Romário com as palavras "eu te amo" saindo de sua boca. E Romário foi um dos melhores centroavantes da História do Futebol, o "gênio da grande área", segundo Cruyff, outro gênio e seu treinador na época, no Barcelona. Já Robinho.... Se jogasse metade do futebol que ele acha que joga, entraria para a História apenas como um bom jogador. Talento ele tem, mas tem muito mais marra que qualquer outra coisa. Alguém que chega numa Copa do Mundo dizendo que quer ser o craque da Copa não tem a menor chance de concretizar seu desejo (seria a maldição do comercial da Nike?). E Luís Fabiano é um ótimo atacante, mas é injusto tentar compará-lo a Romário, ou Ronaldo, ou até mesmo Careca. O Fabuloso é apenas nossa melhor opção de ataque na fraca safra pela qual estamos passando.
Tá bom pra vc, Dunga?

Já que estamos fazendo comparações, há duas outras coisas que tinha de sobra nas seleções passadas e das quais eu sinto muita falta nos últimos tempos. Para mencionar apenas as equipes vencedoras, tanto em 94 quanto em 2002, o Brasil chegava nos estádios tocando seu sambinha tradicional no ônibus, com direito a cavaquinho, pandeiro e outros instrumentos, que não podiam faltar na bagagem do time. A descontração,a felicidade e a alegria eram visíveis. E, no final das partidas, havia sempre algum jogador a passear pelo campo carregando a bandeira brasileira, orgulhoso. Em 94, quando o jogo terminava, eu já ficava procurando Romário, na tv, enrolado na bandeira do Brasil.
Nas duas últimas Copas, o Brasil desaprendeu a sambar. Agora, todos os jogadores descem do ônibus de cara fechada, com seus fones de ouvido e seus iPods, cada um ouvindo o que quer, sem a menor interação. E, quando o jogo acaba, meia dúzia de aplausos, troca de camisas e todos partem de volta ao vestiário. A sensação que fica é de que eles estão apenas cumprindo com suas obrigações. Não parecem estar animados por disputar uma Copa do Mundo, não se mostram orgulhosos de defender seu país, não demonstram empolgação em estarem realizando um sonho. Acho que os jogadores de hoje não devem mais sonhar em ganhar uma Copa, como sonhavam os jogadores de não tão antigamente assim.

Holanda 2 x 1 Brasil

Estamos mal acostumados. Principalmente a minha geração.
A primeira Copa de que me lembro perfeitamente foi a de 1990. O Brasil tinha um time fraco e, em sua melhor exibição, perdeu para a Argentina de Maradona e Canniggia nas oitavas de final, por 1 a 0. Antes disso, quartas de final em 86, 2a fase em 82 (o sistema de disputa era diferente), semifinais em 78 e 74. E depois de 90, só alegrias. Título em 94, vice em 98 e outro título em 2002.
Quando eu era criança, achava que nunca veria o Brasil ser campeão. Fazia 24 anos que o Brasil não ganhava um título mundial e havia tantas seleções com as quais competir: Alemanha, Argentina, Itália... Seria apenas normal se o próximo título demorasse mais uns 24 anos pra sair, ou mais... Mas veio a Copa de 94, recheada de seleções fracas e disputada sob um calor que só os brasileiros pareciam suportar. Quatro anos depois, aí sim tínhamos uma seleção competitiva, além do melhor jogador do mundo, em seu melhor momento. Mais uma vez os adversários não estavam bem, mas a apatia que tomou conta da seleção brasileira no dia da final, por motivos até agora ainda não satisfatoriamente explicados, nos custou o penta. Em 2002 eu já comecei a assistir a Copa confiante de que seríamos campeões. Os adversários estavam melhores do que antes, mas foram ficando pelo caminho. Me lembro de, a cada dia, colocar na porta da geladeira um cartaz diferente, à medida que nossos rivais iam ficando pelo caminho: "Adieu, Les Bleus", "Adiós, Hermanos", "Ciao, Azzurra"... Quando passamos pela Inglaterra, não tinha como o título não ser nosso. E assim ficamos mal acostumados.
Não se pode ganhar tudo sempre. E uma Copa do Mundo tem, pelo menos, umas 6 seleções que realmente disputam o título. O Brasil é só uma delas. Pra mim, temos que ir sempre até, no mínimo, as quartas de final. Parar nas oitavas (ou na 1a fase) é muito vergonhoso (às vezes, a maneira como somos eliminados, mesmo nas quartas, tb é vergonhosa, mas isso são outros quinhentos).

Faz 2 Copas que paramos nas quartas... Em 2006 o melhor time do mundo, com os melhores jogadores do mundo, tinha uma comissão técnica frouxa e nenhum conjunto. A única partida em que jogou bem, contra o Japão, teve os jogadores reservas como destaque. Era uma tragédia pronta para acontecer, mas sempre adiada por lampejos individuais de Zé Roberto ou pela fraqueza dos adversários. Contra nosso primeiro concorrente de peso - que tinha um time bem ruizinho, mas um craque sem igual, Zidane - o Brasil cedeu.
A mesma coisa acaba de acontecer em 2010. Coréia do Norte, Costa do Marfim, um Portugal totalmente desmotivado, Chile... Até enfrentarmos a Holanda e a Copa finalmente começar. Ou, no nosso caso, terminar. Os chavões de que "o Brasil joga bem contra seleções mais fortes" e de que "a Seleção costuma crescer ao longo da competição" até pareciam estar se concretizando no primeiro tempo, mais foram por água baixo na segunda etapa. O Brasil jogou duas partidas completamente diferentes em apenas 90 minutos. E, em campo, foi o reflexo de seu destemperado, nervoso e limitado técnico.

Como treinador, Dunga mostrou ser exatamente o que foi como jogador: limitado, grosso, retranqueiro e sem a menor criatividade. Contratado para ser um líder perante seus jogadores, acrescentando à Seleção a determinação que faltara em 2006, Dunga se mostrou um péssimo motivador. Maicon, Lúcio e Gilberto Silva, dentro de campo, pareciam ter maior influência sobre seus companheiros que o técnico, no banco de reservas. Além disso, na partida contra a Holanda, ficou bastante visível como o nervosismo do treinador era passado aos jogadores. A partida foi extremamente truncada, e o Brasil só não cometeu mais faltas que no jogo contra a Costa do Marfim.
Alertado contra as jogadas de Robben pela direita, Michel Bastos, tentando desesperadamente pará-lo, foi responsável por 4 das 20 faltas cometidas pelo Brasil, todas duríssimas, tendo sido advertido pelo árbitro duas vezes antes de ser punido com o cartão amarelo. Pela primeira vez em toda a competição, Dunga fez uma troca correta e substituiu o lateral esquerdo por Gilberto, antes que Michel fosse expulso. Sob o comando de Dunga, até o centrado Kaká perdeu as estribeiras e recebeu um recorde de 3 cartões amarelos.

O Brasil entrou em campo no primeiro tempo confundindo motivação com nervosismo. Após um início de jogo com posse de bola holandesa, a seleção canarinho se encontrou e passou a marcar a saída de bola do adversário. Felipe Melo, surpreendemente, achou Robinho livre no meio da fraca defesa holandesa. O atacante recebeu o lançamento e chutou de primeira para fazer o gol brasileiro. Depois, só deu Brasil. Kaká deu um belo chute para defesa incrível de Stekelenburg e, no último minuto, Maicon também deu trabalho para o goleiro numa bomba de fora da área, mas o juiz não deu o escanteio e ainda aproveitou para pôr fim na primeira etapa.
A Seleção estava começando a fazer seu primeiro bom jogo na Copa e eu começava a acreditar na classificação e numa possível ida à final. Qual foi a minha surpresa quando, no 2o tempo, apenas a Holanda voltou a campo.

No intervalo das quartas de final, entretanto, sobrou no vestiário holandês o que faltou no brasileiro: um técnico capaz de manter sua equipe tranquila e preparada para vencer a partida. Enquanto a Holanda voltou a campo determinada a inverter o placar, o Brasil retornou apático e sumiu ao levar o gol de empate aos 8 minutos. Eu já havia comentado sobre a Holanda bater rapidamente as faltas sofridas, tentando pegar o adversário de surpresa (em uma jogada desse tipo, Robben tentou enganar o Brasil fingindo não ter batido um escanteio, mas o Brasil não é pentacampeão por acaso e, obviamente, não caiu no truque). Não deu outra. Sneijder cobrou uma falta rapidamente, tocando para Robben, que devolveu para Sneijder cruzar uma bola que acabou indo direto pro gol (na verdade, com um leve desvio na cabeça de Felipe Melo).O time que tinha sobrado no primeiro tempo simplesmente desapareceu no segundo. Não teve calma para fazer o segundo gol e só conseguia parar o ataque holandês com falta.
Em outra jogada de bola parada, um escanteio aos 23 minutos, o Brasil sofreu o gol da virada. Era o momento de alguém fazer como Didi em 58 que, após sofrer um gol na final contra os donos da casa, pegou a bola no fundo da rede e a levou ao centro do gramado calmamente para dar a saída, tranquilizando seus companheiros. Mas é muito da minha parte querer que algum jogador da seleção atual fizesse como Didi, que a maioria nem deve saber quem é.
Após o segundo gol da Holanda, o Brasil perdeu a cabeça de vez. Felipe Melo, em particular. O meio-campo, que havia queimado minha língua, se redimiu do lançamento para o gol e voltou a ser o que sempre foi e o que todos, menos Dunga, esperavam dele na Copa: um botinudo que a qualquer momento seria expulso num lance infantil.
Já falei que, morrendo de medo de Robben, Michel Bastos passou o jogo tentando parar o holandês nas faltas. Quando não conseguia, era Felipe Melo que ficava na cobertura. Numa dessas disputas, o volante brasileiro derrubou o atacante holandês em falta merecedora de cartão amarelo. No entanto, não satisfeito, Felipe Melo cravou as travas de sua chuteira na coxa do holandês, que estava no chão. O juiz não teve dúvidas e sacou o cartão vermelho direto. Eu e toda a população brasileira levantamos o cartaz de "eu já sabia". O único surpreso foi Dunga.

Abro um parêntesis para falar sobre o mais contestado titular da seleção.
Não conheço uma única pessoa que aprovasse a escalação de Felipe Melo no meio de campo brasileiro. Reencarnação de Dunga, o volante é extremamente limitado e, assim como o técnico que o adora, confunde garra com violência, vontade com grosseria, desarme com falta. Extremamente destemperado, nunca mostrou em campo a técnica ou a maturidade para vestir a amarelinha. Mas Dunga o tomou como protegido e defendeu o volante de todas as críticas merecidamente recebidas. Após os dois últimos amistosos da seleção, já na África, a imprensa esportiva brasileira insistiu no fato de que Felipe Melo corria sérios riscos de prejudicar o Brasil em um jogo decisivo, cometendo alguma falta grosseira, ou uma agressão gratuita, e sendo expulso em um momento crucial. Mas Dunga estava "de mal" com a imprensa e, cabeça-dura, teimou com o volante.
190 milhões de brasileiros levantaram as mãos aos céus para agradecer quando saiu a notícia de que Felipe Melo estava machucado. No lugar dele no jogo contra o Chile, Ramires teve ótima atuação. Porém, imaturo e inexperiente, tomou o segundo cartão amarelo, em sua segunda falta desnecessária na competição. Não fosse suspenso para a partida seguinte, certamente teria conquistado a vaga de titular. Mas Felipe Melo se recuperou da lesão e não tivemos chance de conferir se Josué ou Kleberson se sairiam bem como Ramires.
Felipe Melo ainda teve a cara de pau de, na zona mista, dizer à imprensa que o juiz exagerou no cartão, pois havia feito apenas "uma falta normal de jogo". A falta em si não foi das piores, mas Felipe esqueceu que há 32 câmeras espalhadas pelo campo e ao menos uma delas gravaria a imagem do pisão dele em Robben.
Não vou nem entrar em detalhes sobre Felipe Melo ter marcado o primeiro gol contra da seleção brasileira em Copas do Mundo, pois acho que o goleiro Júlio César deveria ter saído do gol gritando que a bola era dele, socando a cabeça de Felipe junto com a bola (mas Júlio tem créditos de sobras e a falha é totalmente perdoável, até porque, com o gol, o jogo voltava a estar empatado). Também prefiro nem comentar sobre a falha de marcação do volante que, no escanteio que originou o gol da virada, deixou o baixinho Sneijder livre para cabecear pro gol. Afinal de contas, é histórica a dificuldade do Brasil com jogadas de bola aérea (2 gols de cabeça de Zidane em escanteios na final de 98; eliminação também diante da França na Copa passada, em falta batida (olha ele aí de novo) por Zidane, para finalização de Henry, após falha coletiva da defesa brasileira), e a cabeçada para trás de Kuyt, antes de a bola chegar a Sneijder, dificultou ainda mais a jogada para a zaga brasileira.

Voltando ao jogo... após sofrer 2 gols em jogadas de bola parada, o Brasil tinha tempo de sobra pra igualar ou reverter o placar, mas lhe faltava tranquilidade, principalmente após ficar com um jogador a menos. Robinho e Kaká ainda tentavam jogadas individuais, mas a Holanda se fechou e ainda partiu pra cima da Seleção. A impressão que ficou foi a de que não sofremos uma goleada comente porque a Holanda teve pena do Brasil. Em algumas oportunidades, Robben e Sneijder pararam na entrada da grande área e pareceram não saber o que fazer com a bola, dando tempo de a defesa brasileira se recompor. Luís Fabiano mostrou ser apenas um bom e eficiente centroavante, e não um craque, do tipo que decide nos momentos mais cruciais, pois desareceu quando mais se precisava dele. Tentando dar eficiência ao ataque para empatar o jogo, Dunga substituiu o camisa 9 por Nilmar faltando 13 minutos para o fim do jogo, porém deveria ter tirado um jogador de marcação para a entrada do 3o atacante, tornando a Seleção mais ofensiva.
No melhor lance do Brasil no 2o tempo, o craque apareceu. Mas, como não estava em sua melhor forma, errou. Kaká arrancou e partiu pra cima da defesa holandesa, mas cortou pro lado errado, e acabou tendo seu chute interceptado. Já Robben e Sneijder não brilharam, mas foram decisivos.
Mais uma vez, a Holanda não jogou bonito, mas jogou bem. E venceu. Mais uma vez, o Brasil jogou mal. Mas dessa vez perdeu.

Mesmo que o Brasil vencesse a Holanda e passasse pelo Uruguai, acho pouquíssmo provável que a Seleção conseguisse uma vitória sobre a Espanha ou a Alemanha na final.
E há males que vêm pra bem. Já imaginou se o Brasil conquistasse a Copa no fim das contas? Teríamos q aturar o Dunga se achando, mais do que já se acha, por ter vencido uma Copa jogando mal e feio, com um time sem nenhuma criatividade. E ainda correríamos o risco de um legado duradouro desse futebolzinho de quinta categoria (ou seria "de resultado", Dunga?) no Brasil.

Ah... e que fique claro que não foi a nulidade brasileira no 2o tempo o único resposável pela eliminação do Brasil da Copa. A Holanda, novamente, não encantou, mas jogou muito bem. Principalmente após se recuperar do golpe de sofrer um gol no início do jogo e depois da bronca motivacional que deve ter recebido do técnico no intervalo.